Certeza nenhuma, cheio de dúvidas
é um homem, olhe é um vivo!
Torto, careca e peludo,
vejam o homem, vai tão bonito...
Sem dentes, juízo ou dinheiro
é gente que anda e respira sem medo.
Ele é um tonto, ele é um burro
tem sovaqueira e dentes sujos.
Esse é o homem que veio pra salvar o mundo!
Beijo seus olhos,
peço-lhe a bênção.
Me ensine homem, que vida vibra
me ensine a vida dos que não pensam.
Lá vem o moço do serviço público
identificado, com crachá e tudo.
Com pá e vassoura,
o moço quer limpar o mundo.
O moço diz que calçada não é lugar de gente
que gente precisa de porta, sapato e documento.
Gente não pode ter pêlos,
gente não pode ter cheiro.
O homem que é vivo
e dos cigarros fuma as bitucas,
diz que mundo é céu,
diz que mundo é rua.
O serviço público tem mandato,
e se não for por bem, te chamo vagabundo.
E o homenzinho
sem pêlos,
calçadas
sujeiras
ou
cigarros,
É um homem morto,
é um homem mudo.
É um olho de vidro.
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