quarta-feira, 24 de novembro de 2010

CAMBIANTE

   plasmar

ESCLEROSAR-SE

PROLIFERA


(palavras desejo/anti-desejo)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Vou ali buscar uma coisa nalgum lugar.
Vou esperar algo que vai acontecer.
Vou ver o Que.

.

A poesia não chega, e eu escuto o barulho do trem. O gato olha como quem soubesse o que vai acontecer, mas é tempo de desacontecimentos. E mesmo depois dos grande fogos, da notícia esperada, pego minha bicicleta e volto pra mesma casa. Poesia é sensação, eu sei. Mas quero a permanência, não sei mais que palavras empregar.

Todos esses objetos esperando. Esperando o Que? Vou começar a psicografar, embora tenha medo de fantasmas, especialmente dos fantasmas de cinema.

Meu nome é Ramela, tenho 12 anos.

Enquanto lia um livro chamado Budapeste fui em busca de uma palavra no dicionário, um Aurélio de bolso, de bolso de gigantes. Às cegas, abri exatamente na página que buscava. Penso que tive ajuda do além. Meu querido deu umas risadas da minha surpresa, foi um jeito de conversar. Eu não vi, mas imagino que tenha sido assim.

Na verdade não sei diferenciar muito bem os acontecimentos. Acho até que acontecimentos não querem ser diferenciados, eles só querem pipocar diferença na realidade.

Penso que meu gato pensa, e ele me disse que pensa mesmo! Penso que alguém fez o que não deveria ter feito. Penso que não tenho feito nada de mais. Penso que tenho acontecido na medida do improvável.

Penso que vou deixar essa história sem fim. Vou ali.

domingo, 21 de novembro de 2010

em dias de silêncio a palavra é proibida 
é cerrada pelos lábios e pelo lápis

nesses dias de silêncio os olhos despertam pra conversar 
com os olhos que passam

silêncio fez brecha pra palavra sair 
através das pupilas

sábado, 20 de novembro de 2010

Intensidade
Dura menos que um cisco no olho, dura a sopa que não chega à mesa - dura uma barriga vazia-, dura o fio de cabelo que roça nos dedos de um jeito igual mas que é diferente. Intensidade dura um pensamento que parece que perdura mas que vai como veio, com um vento. Dura um jeito de sentir, a palavra certa, um sim, um não, dura uma definição. Se intenso não fosse fulgaz, não sei o que seria desse corpo que não aguenta o olhar da moça quando passa de bicicleta.
ele
deseja
o verbo
simples,
dia-após-dia
o acontecimento.
assim:
lavar os panos
ler os textos
dar amor
observar atentamente
correr para atrasar pouco
comer para alimentar a fome - e os desejos
sonhar para continuar vivendo mesmo enquanto dorme
(porque não é dia)
cotidiano
passa
e
passo
fora
descompasso
cotidiano
dança
e
volta
o
corpo
ao
mesmo
espaço
.
mesmo que eu case
mesmo que vá morar na indonésia
mesmo que eu adoeça
mesmo que eu seja boba
mesmo que eu jogue fora os sapatos
mesmo que eu mude de nome
mesmo que desconheça tudo
mesmo que eu perca meu endereço
mesmo que eu aprenda a tocar violão
mesmo que eu tenha filhos gêmeos
mesmo que eu viva por uma causa social
mesmo que meu umbigo seja o principal
mesmo que o mar engula a coroa do meio
mesmo que seja época de caju
mesmo que eu não coma mais carne
mesmo que mesmo que o homem que amo seja gay
mesmo que deixe de existir arco-iris
mesmo que eu esqueça como se lê as letras
mesmo que as palavras saltem dos livros
mesmo que eu tenha muitos amigos verdadeiros
mesmo que tudo dê certo
mesmo que eu troque o carro por uma bicicleta antiga
mesmo que a palavra se repita
.
dialogue
dialogue
dianoite
dialongo
dialogue
dialogue
livro fechado,
palavras
na
fila.
ela acha o preto a cor mais bonita de todas,
e costura colchas de retalhos
para juntar seus próprios pedaços.
passei a ver cor no preto depois daquele dia...