Essa mulher sou eu, essa mulher é você.
Essa mulher, que presenteia o seu #melhoramigo,
aquele que marcou sua
vida de um gesto em diante.
Aquele que insistiu no gesto, e feriu a carne.
Aquele que repete o gesto e não percebe.
Aquele que que faz mas faz que não vê.
Aquela que faz que não vê mas vê.
E a mulher forte, que luta todo dia pra despistar o lugar
que é posta
Essa mulher que trabalha, que rala, que questiona, que
manifesta
Vira menininha, pequena
Machucada, acoada
Mal ouvida
Mal comida
Essa menina não cresceu.
Tem menina dentro dela
Tem adolescente rebelde
Sonhadora
Queredora
Aceitadora
Doadora
Tolhida
Calada
.
De tantos silêncios se faz um coro: #
“jogo-da-velha” e um grito
“jogo-da-velha” um uivo
“jogo-da-velha” um sopro pra nunca mais voltar
“jogo-da-velha” faca amolada
“jogo-da-velha” um pedido
“meu primeiro abuso”
“meu melhor amigo”
tudinho MEU, como se eu o tivesse escolhido
como se eu o tivesse causado
como se eu o tivesse seduzido
“Ele levava café na cama e fingia de amigo, disse estar
apaixonado”
“Eles me seguraram e enfiaram a língua em mim, falaram que
eu ia gostar e eu só pedia pra parar”
“Ele abria a porta do carro... ele trancou a porta do
quarto”
... ... ... .e o grito ficou mudo.
Nesses runidos, cantos, sopros... me confundo com elas...
Me confundo comigo.
Não, não passei por tudo isso.
Mas em mim, sinto, co-ti-di-a-na-men-te, o rasgo.
Jogo da velha, menina.
Jogo da velha.
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